VAIDADE:O REAL E A FICÇÃO

4 de julho de 2011

A cirurgia estética ganhou espaço em nome da associação que se faz entre a boa aparência e o alcance do sucesso e da felicidade. Por Natale Gontijo de Amorim e Charles Sá*

A vaidade é um dos sete pecados capitais. Mas não falta quem queira “vender a alma ao diabo” ou enfrentar a culpa no confessionário em nome desse sentimento tão humano que encabeça a lista dos mais condenáveis. O difícil é definir a linha tênue que separa o saudável do excessivo, o limite. Até onde se pode ir em nome de uma aparência mais agradável aos olhos dos outros e, mais importante ainda, aos nossos próprios olhos. Este limite que, se ultrapassado, pode resultar em consequências graves tanto físicas quanto psíquicas.
É fato que a cirurgia estética ganhou espaço em nome da associação que se faz entre a boa aparência e o alcance do sucesso e da felicidade. Pesquisas feitas ao longo dos anos demonstraram que realmente existe uma relação de causa e efeito entre a beleza e a facilidade de trânsito pela vida de forma mais assertiva.
Mas, na contramão desse modelo de perfeição ditado nos últimos anos pela sociedade, vem lentamente surgindo um novo padrão estético que valoriza as imperfeições. E essa tendência já se faz notar entre as top-models. A holandesa Lara Stone é uma das que souberam tirar vantagem do suposto defeito, os dentes separados (diastema), para estampar capas de algumas das principais revistas de moda e fazer campanhas de grifes famosas. Nessa mesma esteira ou tapete vermelho, se pode citar atrizes de renome como Meryl Streep, Sarah Jessica Parker, entre outras, que fogem do padrão de beleza há muito estabelecido. O que comprova que o sucesso vem de dentro, de uma autoestima bem trabalhada. E, é exatamente nesse ponto em que a cirurgia plástica e a psicologia se encontram para que algumas imperfeições se tornem atributos de força.
É claro que posturas antigas diante da aparência não mudam de uma hora para outra. No carnaval deste ano, assistindo ao desfile da Marquês de Sapucaí, notamos que o padrão mulher biônica ainda está em alta, pelo menos no Rio de Janeiro. No entanto, temos frequentemente atendido mulheres e homens antenados com um novo movimento. Eles estão interessados em melhorar a aparência sim, mas com intervenções mínimas que os tornem mais reais e menos parecidos com personagens de ficção de histórias em quadrinhos ou desenhos animados.
*Membros especialistas titulares da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e autores do livro “Os mistérios da vaidade humana”, da editora QualityMark.


Site: Opinião e Notícia | 17/04/2011

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