QUEM TEM MEDO DE ENVELHECER?

13 de julho de 2011

Natale Gontijo de Amorim e Charles Sá*
Envelhecer é um processo contínuo e natural do organismo, cujos mecanismos ainda não foram totalmente elucidados pela ciência. Sabe-se, contudo, que o processo de envelhecimento, assim como o momento da morte, não são unicamente relacionados a fatores genéticos, como se chegou a crer no passado: envelhecer bem ou mal depende de  cuidados com a saúde e a aparência ao longo de toda a vida.

Estatisticamente, as chances de uma vida longa, nos dias de hoje, são grandes, graças a um conjunto de fatores que passa pela melhoria das condições sanitárias na cidades e os avanços da medicina e da farmacologia, mas também da disseminação de informações sobre a importância de se manter uma alimentação adequada e realizar atividades físicas regulares.  No último século, o salto foi imenso: de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1900 apenas 25% dos brasileiros chegavam aos 60 anos; 90 anos depois o percentual saltou para 78% das mulheres e 65% dos homens.

Agora esssa população que vive mais quer também viver melhor e, por que não, aparentar menos idade. Há muito o que se pode fazer, e é preciso começar cedo: a  velocidade de declínio das funções fisiológicas é exponencial, quer dizer, a ocorrência das perdas funcionais é acelerada com o aumento da idade.

Há que se atuar em três frentes, pois o processo de envelhecimento depende fatores de biológicos, mas também psíquicos e sociais que podem acelerar ou retardar o aparecimento e a instalação de doenças e de sintomas característicos da idade senil. Entre os fatores biológicos, destacam-se alterações hormonais, decadência do sistema imunológico, o fotoenvelhecimento da pele e ação dos radicais livres. O combate a esses fatores passa pela realização de check ups periódicos, restrição às gorduras e ao fumo, e capricho no protetor solar.
Recomenda-se o filtro 50 no rosto, já a partir da infância. 

Sabe-se também que os riscos de muitos problemas de saúde comuns na velhice – como doenças cardiovasculares, câncer, osteosporose e diabetes –  diminuem consideravelmente com a atividade física regular. Exercícios como a musculação estimulam a produção de novas células ósseas, pela tração dos músculos aos ossos.
Dentre os fatores sociais que afetam o processo de envelhecimento, podemos citar a aposentadoria precoce, a ociosidade, a exclusão imposta ou autoimposta, tudo isso conduzindo a uma diminuição da atividade mental e da  atividade física – esta última chamada hipocinesia. A hipocinesia leva ao aumento de depósito de gordura corporal e é tida como um dos maiores desencadeadores de processos degenerativos no homem.

Dentre os fatores psicossociais, o que mais acelera o envelhecimento é o estresse. O mecanismo geral de resposta ao estresse  consiste em dois tipos distintos de consequencias bioquímicas:  uma rápida, mediada pelos hormônios noradrenalina e adrenalida, e outra lenta,  mediada pelo hormônio cortisol. A adrenalina fornece a energia necessária ao organismo quando este se encontra na situação de estresse mas, juntamente como a noroadrenalina, provoca também um aumento no débito cardíaco e na pressão arterial. Já o cortisol exerce efeitos sobre o metabolismo da glicose – o que contribui para transformar a gordura em energia e aumentar  o fluxo sanguíneo, mas também pode paralisar as funções reprodutivas e inibir o sistema auto-imune. Por isso o estresse é associado ao maior risco de doenças cardiovasculares.

O envelhecimento da face traz suas primeiras marcas mais significativas ao redor dos 30 anos, quando aparecem as primeiras rugas na testa e os chamados “pés-de-galinha”. Nessa fase, deve-se intensificar a hidratação da pele e já é possível iniciar o uso da toxina botulínica para amenizar as rugas da testa e ao redor dos olhos e, ao mesmo tempo, evitar que se tornem mais profundas. Quando as rugas ao redor da boca começam a aparecer, é possível tratá-las com preenchimentos ou o uso de peelings.  Por volta dos 40, quando a flacidez da pele torna-se mais evidente, indica-se também os compostos com substâncias que aumentam o tônus muscular. É recomendado o uso da vitamina C tópica e dos hidratantes anti-radicais livres e anti-manchas.

Com o estabelecimento de flacidez mais intensa, o tratamento cirúrgico é o mais adequado.  Hoje as técnicas cirúrgicas trazem resultados muito naturais, não deixando estigmas de que uma cirurgia foi realizada. O objetivo da cirurgia é devolver a perda volumétrica das proeminências e redefinir os contornos faciais. Para isso, as diversas técnicas cirúrgicas utilizadas tratam das estruturas profundas, como músculos e bolsas de gordura. 

É certo que não se pode evitar o envelhecimento, porém, podemos interferir na maneira como vamos envelhecer. Pode significar enriquecimento espiritual e uma vida aprazível. A decisão é pessoal e, quanto antes for tomada, melhores serão os resultados.

*Cirurgiões plásticos membros especialistas e titulares da SBCP e autores do livro “Os mistérios da vaidade humana”, a ser lançado pela editora Qualitymark.

Nenhum comentário:

Postar um comentário