ARTIGO:O USO DE CÉLULAS-TRONCO EM CIRURGIAS PLÁSTICAS JÁ É REALIDADE

3 de agosto de 2011

Um empurrãozinho da natureza
O uso de células-tronco em cirurgias plásticas já é realidade.
Por Charles Sá*

Diz o senso comum que a gordura é inimiga da beleza. Cirurgiões plásticos, contudo, encontraram nela um poderoso aliado nas intervenções cirúrgicas, sejam elas de natureza estética, reconstrutiva ou regenerativa. É  que o  tecido adiposo - aquele que costuma se alojar em grandes quantidades na região do abdômen e coxas - é rico em células-tronco. E elas prometem uma verdadeira revolução no campo das cirurgias plásticas e em diversos campos da  medicina.

Estas células, conhecidas por serem uma fonte natural de reparação de qualquer tecido do corpo humano, possuem potencial para aumentar a eficácia da lipoenxertia - técnica que consiste em utilizar a gordura excedente de uma região, para restaurar outras áreas do corpo. Após a retirada da gordura , pela lipoaspiração, o material é submetido a um processamento para se isolar as células tronco. Uma vez isoladas, as células tronco podem ser utilizadas em diversas áreas e com diferentes finalidades de bioengenharia de tecido e/ou  para aumento de volume .Com o uso das células-tronco, o risco de o próprio organismo reabsorver a gordura transplantada diminui porque, uma vez injetadas, essas células passam a estimular a formação de vasos sangüíneos que irrigam o tecido e mantêm a  gordura permanentemente alimentada, aumentando a viabilidade do enxerto.

O cirurgião plástico Charles Sá, que  faz parte de um grupo de pesquisadores,  publicaram este ano, dois trabalhos científicos nos E.U.A e Londres, sobre o uso destas células. Afirma:  “ as vantagens de se usar as células-tronco oriundas do tecido adiposo do próprio paciente são grandes. Pegando células-tronco adultas você terá um controle maior, não terá os mesmos riscos das células-tronco originárias de embriões, que acarretam problemas de ordem legal, ético e religioso ,como também maior  custeio com laboratório e cultura". Além disso, a extração de células-tronco a partir do tecido adiposo é bem mais simples, ao contrário das células-tronco da medula, que existem em uma quantidade bem menor. Para se ter uma idéia, o grau de concentração dessas células no tecido adiposo, comparado à medula óssea, chega a ser 300 vezes maior. A cada 1ml de gordura, existem cerca de três mil células-tronco. Para cada 350 ml de gordura aspirada se consegue cerca 1 milhão de células tronco.

Charles Sá explica que o procedimento consiste basicamente em retirar gordura de uma região do corpo através da lipoaspiração, extrair as células-tronco e utilizá-las para "enriquecer" um novo enxerto de gordura que se pretenda aplicar em outra área, com finalidade de aumento de  volume. Pode ser o rosto, a mama ou os glúteos, por exemplo. "Qualquer paciente pode se sujeitar a um procedimento desses, desde que haja indicação", afirma. 

De acordo com o cirurgião, a tendência é que cada vez mais as pessoas utilizem o próprio material biológico durante procedimentos dessa natureza. Já existem vários casos de pacientes que corrigiram defeitos de assimetria facial ou pequenas deformidades com o uso da técnica. Há também casos de pessoas que receberam enxertos de gordura enriquecidos com células-tronco para aumentar o número dos seios ou dos glúteos e até mesmo rejuvenescer a face. Outras áreas do  uso das células-tronco  se mostram bastante promissoras .´È  a utilização  destas células  em outras áreas da medicina como, neurologia, cardiologia, reumatologia, endocrnologia e etc...

*Charles Sá – Cirurgião plástico formado na escola do professor Ivo Pitanguy, atualmente chefia a equipe médica da Clínica Performa. É membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Fundou a Sociedade Brasileira de Queimadura e foi presidente da regional Rio Grande do Norte desta sociedade. Chefiou também o setor de saúde da Estação Antártica brasileira durante dois anos . É membro consultor do grupo de estudos de Implantes Franceses (PIP) e integrante da ONG Operation Smiles, além de autor de mais de uma dezena de artigos em revistas médicas nacionais e internacionais e capítulos de livros científicos. 

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